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Mostrando postagens de maio, 2017

Procura-se solitude.

  Procuro solitude, quem encontrar me avise. Desde criança desenvolvi um grande apreço por estar só, e sempre procurei entender isso. Acredito eu que existem dois tipos principais de solidão: a imposta e a voluntária. Na solidão voluntária é de sua escolha o isolamento a reclusão, e nesse momento você se sente bem. Enquanto isso a solidão imposta é quando o universo simplesmente fala: Bom, acho que está na hora de deixarmos ele sozinho. Os amigos não vão poder sair e o ver, as garotas estarão distantes, os animais vão se esquivar dele na rua e os pais passarão o dia no trabalho. Então você entra nesse abismo existencial de onde surge uma espiral de sentimentos ruins; a tristeza, a ansiedade, a angústia (alô fenomenologia) e nesse ponto você tem que lidar que naquele momento o mundo vai te deixar desconecto de tudo e de todos.   Um problema nessa questão, acredito eu, é quando essa maravilha que é nossa cabeça decide confundir os dois. Quando você está cercado de amigos e por a

Outros monstros.

 Baku se esgueirou para fora da parte debaixo da cama da garota. Ele era um ser abissal e o terror que causava era imenso, mas não naquela noite. Baku observou o outro monstro se aproximar da cama da menina. Ela tinha quinze anos e Baku a atormentava desde os cinco. - Ei, pô - disse Baku - deixa ela, só hoje.  O outro monstro olhou para Baku, confuso. - Mas eu vou causar pesadelos nela, com morte e coisas do tipo. Vai ser interessante. - Hoje não. - Por quê? - Ela tá meio mal, a guria não merece - disse Baku com a sua terceira boca - tá com problema com os pais, eles se divorciaram. O pai tá bebendo muito, ela perdeu o namorado também. Depressão, ansiedade. Essas coisas são terríveis. Deixa ela hoje. - Mas é nosso dever... - Ela chora a noite antes de dormir, eu sempre ouço debaixo da cama. E ela treme às vezes, e isso é complicado. Humanos são estranhos.  O outro monstro desviou o olhar, cabisbaixo.  - Tá tudo bem, eu vou embora então...

Isso vai passar.

  Isso vai passar. Eu sei que vai, mas agora tá aqui, e não quero deixar ir. Mas um dia as coisas se vão. A questão é notar as pequenas coisas, as coisinhas gostosas da vida. Não deixar elas passarem sem deixar saudades. E é tão chato ouvir que vai passar, porque às vezes não queremos deixar cicatrizar. Queremos ser essa grande ferida exposta. Porque temos esses momentos da vida em que a dor é o único sinal de que estamos realmente vivos. E porra, meus amores, sou intenso. O universo me fez assim, a intensidade de uma super nova explodindo. Se algo passa por mim noto tudo nele. Noto o sorriso, o ser, o modo de existir e depois transformo em arte. Às vezes acho que escrevo porque tenho medo de esquecer as coisas, e sinto que é meu dever eternizar o que pode ser esquecido. Então, te eternizo. Eternizo a toalha na tua cabeça, eternizo o sarcasmo do meu pai, eternizo o ser da minha mãe, eternizo a nova pessoa, eternizo a mulher, eternizo Pedro, eternizo Cecilia, eternizo Nicoly. Se você a

Foi, é.

Faz tempo que não sei o que é beijo Sei o que é saudades. Conheci velhice antes da idade E amor antes de sofrer Não sei se é assim que tem que ser Mas as coisas um dia se vão. Outro dia algo aparece Se não aparecer a gente encontra Se não encontrar, procuramos. Quando procuramos, amamos. Fomos. Somos Vai ser. Sobre a falta de poesia nesse blog. 

Vagabundo, eu.

 Já me chamaram de vagabundo algumas vezes. E nunca tive a oportunidade de responder, porque sempre quis falar uma coisa: Hey, eu sou um vagabundo, bom que você notou. O sentido comum é de pessoa desocupada que vive a vida no ócio, mas uma coisa interessante sobre ser um vagabundo é que um dos significados é andar em abundância.   Ser vagabundo é sobre não ficar parado, e às vezes andar sem destino. Ser vagabundo é vagar em abundância, e isso significa explorar. Vagabundo, eu, já conheci de humano muitos tipos: puto, poeta, amante, vadio, professor, honrado e os sem sensatez. E tudo isso porque vaguei. Vagar que também significa desocupar. Sair de algo, continuar sendo, e talvez voltar. Vagabundo, eu, já fiz tantas coisas por causa disso. E ser vagabundo é ser associado a tantas coisas. Porque você sabe, moço, vagabundo hoje é quem faz arte; vagabundo é quem cursa coisa de humanas, vagabundo é quem não vai para a igreja, vagabundo é quem passa muito tempo na rua, vagabundo é que