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Isso vai passar.

  Isso vai passar. Eu sei que vai, mas agora tá aqui, e não quero deixar ir. Mas um dia as coisas se vão. A questão é notar as pequenas coisas, as coisinhas gostosas da vida. Não deixar elas passarem sem deixar saudades. E é tão chato ouvir que vai passar, porque às vezes não queremos deixar cicatrizar. Queremos ser essa grande ferida exposta. Porque temos esses momentos da vida em que a dor é o único sinal de que estamos realmente vivos. E porra, meus amores, sou intenso. O universo me fez assim, a intensidade de uma super nova explodindo. Se algo passa por mim noto tudo nele. Noto o sorriso, o ser, o modo de existir e depois transformo em arte. Às vezes acho que escrevo porque tenho medo de esquecer as coisas, e sinto que é meu dever eternizar o que pode ser esquecido. Então, te eternizo. Eternizo a toalha na tua cabeça, eternizo o sarcasmo do meu pai, eternizo o ser da minha mãe, eternizo a nova pessoa, eternizo a mulher, eternizo Pedro, eternizo Cecilia, eternizo Nicoly. Se você algum dia for amado por um escritor ele vai te entregar a eternidade. A escrita envelhece, e deixa saudades. A escrita abraça uma pessoa solitária, e abraça o mundo. E sabe, talvez as coisas passem, mas adoro elas aqui, e agora. E prometo me lembrar, prometo me lembrar de cada detalhe, e de cada textura. Isso é o que torna gostoso. 

 Procurei no dicionário o significado de passar e encontrei isso: Ir além, deixar para trás, percorrer de uma margem a outra. E percebi uma coisa. Deixar passar é viajar. Ir de um ponto para o outro, e às vezes, olhar para trás. Vamos viajar, vamos? Trazes coisas desse mundo distante, fazer boa arte. 

 Ei, eu sei que dói, eu sei que ama, eu sei que é lindo, e talvez eu não saiba. Mas tô por aqui, manda um alô, um abraço. Vai passar, e vai ser extraordinário. 


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Botão vermelho

 Quero contar aqui um breve conflito que tenho semanalmente. Faz um tempo que comecei a frequentar a academia, o que sério, já é uma vitória eu estar lá. Achei que ia ser só uma parada relaxante e para extravasar o estresse. Dito isso, eu não contava com o maldito botão vermelho. Ok, eu tenho que explicar isso direito para vocês entenderem.  Estava eu no meu primeiro dia de academia e a treinadora falou para eu ir para a esteira. Ok, pensei, eu vou para a esteira. Subi no aparato e comecei a me sentir o Flash viajando no tempo, até ai tava tranquilo. Quando você passa alguns minutos em algum lugar começa a observar ele. Olhei para a esteira. Tinha um medidor de quilômetros, um de calorias, botões, e então, o maldito botão vermelho. Sabe quando você bate o olho em uma coisa e sabe que aquilo vai te atormentar? Poisé. Vou tentar descrever para vocês esse botão.   Bom, que ele é vermelho vocês já sabem. Ele fica localizado na parte inferior direita do painel da esteira. É gordo

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Minha irmã é que nem tatuagem.

 É estranho ser um irmão menor. Nos filmes a gente costuma ver o lado do irmão maior e sobre como o irmão menor é um porre, ou inexperiente. Na minha sala da escola todo mundo era o irmão maior, mas eu não, sempre fui o caçula. E ser o caçula é uma experiência no minimo interessante.   Minha irmã é o meu oposto; cinco anos mais velha, meu nome veio do dela, Victória. Se eu fosse um giz de cera ela seria uma caneta bic. Eu estudava, ela ia pra balada; ela era sociável e eu tinha três amigos. Minha irmã me viu crescer, e deve ter sido um processo engraçado ou curioso. Eu era uma criança calada, que internalizava as coisas. Quando criança nós nos mudamos para um bairro longe da cidade e tudo era complicado.   A nossa mãe era professora e fazia faculdade de psicologia, passava o dia fora, meus pais eram separados e nós dois costumávamos viver sozinhos. Dividíamos as tarefas da casa, e minha irmã tinhas as rédeas. Passava o rodo, varria, e fazia todos os trabalhos importantes que