Esse texto é tudo menos um pedido desculpas. Ei, oi. Como vocês estão? Então, recentemente eu não tenho estado bem. Na verdade não tenho estado bem faz um tempo. Isso fez com que eu parasse muito com esse blog e o principal motivo era porque achava que o Palco vazio tinha uma vibe positiva. No minimo agridoce. Quero dizer que todos os textos tinham um tom onde eu dizia: Ei, tá tudo uma merda, mas as coisas vão melhorar.
E então perdi isso.
Perdi a fé que as coisas podem melhorar e as coisas se encerravam em "tá tudo uma merda". Não vou dizer que estou melhor, mas estou buscando que esteja. Tenho minha lista de patologias e elas atacam forte de vez em sempre e tem momentos que é cansativo lutar. Isso me deixou longe do blog. Todos os textos que escrevi aqui quando entrei nessa fase começavam com desculpas por estar sumido. Mas sabe o que eu queria dizer?
Ei, desculpa por estar mal.
Ei, desculpa por estar na bad.
Ei, desculpa por não estar vendo as coisas de uma forma ok.
E quer saber, queridos? Desculpa porra nenhuma. É um direito, não é? Estar mal. Poxa, eu sei que isso é comum e fico sinceramente irritado. As pessoas estão mal e se sentem culpadas por estar assim. E, sabe, eu só esqueci das coisas. A felicidade é um momento, felicidade continua é histeria. Se ela é um momento, uma parcela, significa que nos outros momentos estamos sentindo outras coisas. E, vamos lá, existem motivos para se estar triste. Olha o mundo, cara. Nós, seres humanos, sapiens, estamos ai há 30 mil anos tentando lidar com a vida e o mais próximo que conseguimos de uma relação saudável estabilizada foi domesticar os cachorros durante quinze mil anos. A filosofia fala sobre isso. O eterno retorno, teoria da neutralização e outras coisas. Nós estamos em constante angústia, insatisfeitos e tem momentos em que saímos disso para um estado de prazer. Alô, felicidade.
Mas sabe, existe motivos para se estar feliz. Esses dias voltei a assistir Steven Universo e tem esse episodio. O Steven está triste a amiga dele também. Eles resolvem plantar algo no Jardim de infância para ficarem felizes. O Jardim de infância é tipo o passado, se liga na metáfora. E eles plantam girassóis e ficam incrivelmente felizes. No outro dia eles chegam no Jardim de infância e tá tudo destruído. O solo é infértil, o passado é infértil. Eles tentaram e não deu certo. Na volta para casa os dois estão em um trem, cabisbaixos. Então os olhos do Steven se arregalam, a câmera foca nele e então mostra o que o guri está vendo. Uma plantação gigantesca de girassóis. Então o Steven percebeu uma coisa e fala algo do tipo: "Estávamos tentando plantar aonde não dava, enquanto isso a vida estava florescendo aqui fora".
As pequenas coisas, sabe? As flores. E foi o porquê comecei esse blog. Um dos primeiros textos é sobre uma senhora chamada Tina que conheci na rua e comecei a conversar. Sempre foi sobre os pequenos detalhes. Sem pessoas a vida é a porra de um deserto. Não é só sobre pessoas. É sobre histórias, sempre foi.
Gosto de ouvir histórias.
Contar histórias.
Criar histórias.
História são legados e é sobre envolver pessoas. A humanidade é uma coisa tão paradoxal. Fazemos tanto mal para as coisas e entre nós, parece que não nos amamos. Mas, sabe, vocês já viram um grupo de pessoas dançando na rua? É uma parada bonita, né? Já viram um casal de idosos na praia? Já viu uma senhora lendo um gibi no meio da praça? Um olhar correspondido no ônibus? Um pai e um filho brincando, cansados, enquanto andam pela cidade? Um casal todo apaixonadinho de mãos dadas na rua? Dois amigos em um bar se divertindo? Um neto brincando com a avó? Sua avó remexendo fotos antigas e conseguindo citar cada memória?
Vocês já viram as pessoas?
Sabe? Tá tudo uma merda, mas tem umas coisas tão dahoras. É tão, sabe...Agridoce. Às vezes mais salgado. A realidade é caótica e estamos tentando acompanhar, somos inexperientes e pisamos nos pés do parceiro. É...Tem umas coisas bem legais. Então, todas as desculpas retiradas.
Agora...
Que tal um café?
Ou um chá?
Anda, me conta uma história. Vou adorar ouvir.
Foto minha <3 |
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