Hoje eu estava triste. Desenvolvi uma mania de ir ao cinema sozinho quando estou triste, é uma coisa que amo. Costuma me estabilizar e me dar um calor no coração. Então fui ao cinema assistir Bela e a fera. Cheguei no caixa e a atendente deu um sorriso automático para mim.
- Bom dia.
- Bom dia. Bela e a fera, 16h30.
Procurei a cadeira o mais distante e isolada o possível. A fileira sete estava inteiramente vazia e achei que seria uma ótima oportunidade. Estava sozinho e confesso que bem decepcionado. Triste. Senti que nada me impressionaria. Entrei na sala do cinema e fui em direção a minha cadeira solitária. Foi quando depois de meia hora de filme entra uma mulher com sua filha de três anos e sentam bem do meu lado. Porra, claro que elas sentam bem do meu lado. Toda uma fileira solitária e elas sentam do meu lado. A menininha fazia comentários de vez em quando e depois de um tempo ela saiu da própria cadeira para sentar no colo da mãe.
Meus amigos, como eu chorei, eu chorei TANTO nesse filme. Não sei se era o emocional frágil e uma pré-disposição para lágrimas, ou se o filme era realmente tocante. Mas eu chorei, e muito. Quando acontece a cena do baile a Fera chama Bela para uma dança e os dois dançam juntos, apaixonados. Então eu olho para o lado e vejo uma coisa extraordinária.
A menininha sentada na ponta da cadeira, ansiosa, curiosa. O filme refletindo nas lentes dos óculos 3D e ela com um sorriso atravessando o rosto. Na pontinha da cadeira, tentando entrar ali dentro. Absorver tudo. Então ela vira para a mãe e fala:
- Ele é bonito por dentro, né, mãe?
Aquilo me derrubou todinho. Comecei a chorar timidamente e afundei meu rosto na pipoca. Poxa, mocinha, é sim! Ele é lindo por dentro. Lindo, lindo! Então Bela parte e vemos a Fera subir o mais alto o possível para ver Bela partindo. Ele foi o mais distante o possível apenas para conseguir ver ela ir. E então a menininha começa a chorar!
- Eu achei que ela amava ele, mamãe.
Só para minutos depois enquanto a Fera era atacada ela ser salva por, pasmem, Bela! A menina começa a gritar:
- Ela ama ele! Ela ama ele, mamãe!
E eu do lado dela chorando e rindo com tudo aquilo. Foi quando percebi uma coisa. Lá estava eu, do lado daquela menininha incrível, olhando ela. Foi quando percebi que eu estava na ponta da cadeira. Tentando observar aquilo e entrar naquele mundinho. Nós compreendemos a si enquanto existimos, e o ser permite possibilidades. Entrei naquela sala triste com as possibilidades. E sai sorrindo, na ponta da cadeira do universo.
Saio do cinema e encontro com uma guria que eu não falava havia meses, e decido ir falar com ela. Na volta para casa começo a rabiscar o roteiro do meu filme. Abro o bloco de notas do meu celular e escrevo isso:
"Abaixo de mim conseguia ver uma imensidão de estrelas. Eu estava na ponta da cadeira do universo, olhando para tudo, sorrindo."
Menininha, você foi uma companheira de filme incrível. Fico triste pro não saber o seu nome, e mais triste ainda por não ter falado para você o quanto você é incrível e o quanto me animou. Menininha, sei que você está curiosa. Por isso vá para frente, consegue ver? Claro que consegue, a visão sempre é melhor da ponta da cadeira. Um abraço.
Tu é fantástico, bê, fantástico!
ResponderExcluirBocó.
ExcluirAmeiiiiii.....ri e choreiii ❤
ResponderExcluir