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Mostrando postagens de 2017

Futuro

Acho que eu poderia começar me desculpando por ter sumido alguns meses; meu notebook quebrou e fiquei sem como postar aqui. Perdão. Mas hey, eu queria falar um pouco sobre futuro.   Primeiro, esperança, esperança tem muito a ver com o futuro. Segundo o dicionário Google esperança é "confiança de quem vê como possível aquilo que deseja". O futuro é um grande portador de possibilidades, afinal, nele está tudo que ainda não aconteceu e que pode acontecer. Nesse ponto é aonde as coisas ficam complicadas.  Veja bem, tenho ansiedade. Quando você tem ansiedade e recebe uma noticia sobre algo que vai acontecer no futuro é o inferno na sua cabeça. Você pensa que aquilo ainda não aconteceu. O ar começa a faltar. Pensa que não só não aconteceu, mas quando acontecer vai dar tudo errado. Sua respiração fica rápida. E que isso tudo que vai dar errado com toda a certeza vai te derrubar. Uma coisa surge no seu peito, ali na alma, se espalhando, tomando conta de tudo. Você

Clarrise - Em detalhes

 Quero contar para vocês. Contar uma história, uma história diferente das outras. Nesse ponto você vai imaginar as logos de quem patrocinou o filme aparecendo. Depois vem o aviso que não é para colocar o pé na poltrona da frente. Esse texto é um zoom. Quero mostrar os pixels de alguém. Já coloquei essa pessoa no palco. Mas ela tinha outro nome, outro ser. Ela me perguntou várias vezes: "Como tu me vê? Nos mínimos detalhes" Esse texto é sobre a Clarisse, nos mínimos detalhes.  Começa com você olhando para ela. A primeira coisa que enxerga é o cabelo, ele chama atenção. Mas eu não sei exatamente qual vai ser o cabelo quando você olhar. Depende do estado de humor dela, da mudança que ela tá passando. Pode ser curto, um pouco maior ou moreno. Mas eu me lembro dele laranja, agora você observa eles sendo alaranjados e se escurecendo até a raiz. Nesse ponto nós vemos as bochechas. As bochechas que tem aquelas pequenas crateras que você sabe que tem dias que ela odeia. M

Desculpa o sumiço

 Desculpa o sumiço, é sério. Foi estranho para mim descobrir que pessoas liam o blog. Quando eu fiz isso aqui achei que meus amigos iam ler. São pensamentos que tenho no decorrer da vida e acabo construindo alguma linha de pensamento de associação absurda. Tipo aliens e mudança, um botão e amor próprio. Mas as pessoas começaram a ler o blog. E isso foi bem estranho, primeiro foram centenas, e às vezes, milhares. Foi quando começaram a me reconhecer na rua, ou puxarem do nada assuntos que falei no blog no meio de conversas com desconhecidos que acabei de conhecer. E não, esse não um texto idiota sobre ser famoso.  Eu não sou isso, sei que isso é reconhecimento por trabalho. Só comecei a me sentir um pouco mais responsável sobre as coisas que escrevo. Aqui converso sobre amor próprio, suicídio, essas coisas.   E eu não fico sem ideias para o blog, mas acabou que ele tem uma premissa e eu não curto postar coisas que são contra ela. Uma coisa que pouca gente que lê o blog sabe, mas

Quadrilha

João amava Teresa, que amava Raimundo Que amava Maria, mas Maria era  tóxica E antes de tudo ter acabado, Raimundo era sempre o culpado. E Maria amava Joaquim, que amava Lili Que não amava ninguém. Mas na verdade Lili se amava, e nela mesmo, se encontrava. Joaquim superou Lili, e passou a amar Joaquina Joaquina que tinha problemas de segurança E em um dia sem esperança Começou uma faculdade que não queria. Então Joaquina amou Pedro E para quem não via Tinha noites em que ele a batia. Pedro que bebia, mas também amava Mariana, uma mulher que era lá da rua e ele queria que fosse sua. Mas Mariana era bem resolvida Publicou um livro e parou de fumar Então foi para fora, viajar. Encontrou uma tal de Lili, e começaram a namorar. Raimundo morreu de desastre E Joaquim casou com uma tal de Victoria Mas essa ai, sabe? Nunca tinha entrado para a história.           - Victor Silveira

Homem museu

  Sou um homem museu. Senti isso hoje, e não é uma coisa tão boa. Coloco meu passado bem em cima do meu presente. É como sentir uma ferida bem aberta. E você pode ver todas as minhas peças em exibição, e entender que todas são sobre coisas que já aconteceram e que me afetam muito. Sei que também tem pessoas museus por ai (um abraço). Fico imaginando como deve ser difícil.   Ouvir uma música e lembrar da pessoa.  Estar em um lugar e lembrar de um momento que viveu ali.   Entender que você não tem mais aquilo.   Estar em um lugar e entender que coisas pesadas aconteceram ali. Mas a gente tem que entender, né? É outra situação, é outro rio. Sinto que sei que é um rio diferente, outras águas, mas que no dia que as coisas aconteceram uma enorme pedra ficou no meio do rio. E aquela pedra, essa bendita pedra, está sendo molhada pelas novas águas. E o que é complicado é que só resta esperar... Um dia não vai doer tanto, e você não vai ter nem percebido que parou de doer. Vão ter

Você é foda.

 Você é foda.  Já te falei isso hoje? Você é foda. Você é incrível. Você é linda. Você é lindo. Você é extraordinário. Eu te levaria de um lado do universo ao outro.  Eu sei, sabe? Sei que pode parecer que você não é incrível. Sei que pode parecer que você não é linda como é. Sei que pode parecer que você não é tão inteligente. Mas hey, você é. Você é foda. Você já fez muita coisa foda. Você já passou por barreiras que outros não passariam.   Hey, tá tudo bem cair. Tá tudo bem ter uma queda, tá tudo bem se ralar no asfalto da vida. Sabe aquela pessoa que você encontra no reflexo? Ela é foda.   Você conseguiu fazer o que queria. Você vai conseguir, de verdade. E se não conseguir? Tudo bem, não desiste. Ou desiste, toca o foda-se. Sorri para isso depois e transforma em uma história.   Hey, seja você. Hey, se coloca como prioridade (mas respeitando os outros e pensando neles) Hey, se ama. Hey, se odeia. Hey, seja.   Faz as coisas por você. Tá tudo bem fa

Devir

 Queria te colocar no palco. E não quero falar sobre o que aconteceu, só quero te colocar no palco. Sabe, Bruna, eu tenho lembranças de você. Queria contar algumas coisas aqui, ou só falar algo, te por nesse palco.  Quando te conheci era o primeiro dia de faculdade e eu estava incrivelmente nervoso e ansioso. Você chegou tranquila usando uma blusa social xadrez como casaco (blusa que era duas vezes maior que o seu tamanho) e conversou comigo. Logo a trupe formou rápido: eu, você, Marta, Rodrigo e Aelia. No primeiro dia paguei um refri para vocês e um bolo, queria desesperadamente me enturmar com vocês. E sabe, você ofereceu sorrisos e uma fala carregada de sotaque. As coisas só fluíam contigo. Na época eu andava com minha filmadora na mochila e te gravei falando algumas coisas sobre a vida, e esses vídeos sumiram com o tempo. Sempre fui assim em querer registras as coisas que me faziam bem. Puxava o celular e tirava um snap de vocês prestando atenção na aula, e você sempre caia

Microcosmo

 Rubel sabia que as coisas mudavam. Afinal, ele estava escrevendo esse e-mail para a sua irmã. Nunca imaginou que digitaria um e-mail que não fosse de trabalho, ele odiava e-mails. Mas decidiu mandar porque ele tinha se lembrado de um dia no microcosmo. Aquele pequeno mundo em que ele vivia quando era adolescente. No dia em que estava na sua memória ele tinha saído mais cedo da escola porque a mulher do diretor tinha morrido. Era uma mulher gentil e vendia biscoitos para ele por um preço totalmente acessível para um guri de treze anos, mas Rubel lembrava de não ter derramado uma lágrima por ela. Ele chegou em casa e viu sua irmã sentada no sofá assistindo um episódio de Vale a pena ver de novo . Ele achava engraçado essa ideia de reprise, passar novelas antigas como novas. As pessoas sabiam que eram antigas, porém Rubel sentia que sua irmã estava convencida que eram paradas novas e frescas. - Hey Clara. Ele se lembra de ter dado um beijo na bochecha dela. Na época ele tinha

Transborda

 Transbordar envolve cair.  Transbordar significa sair fora, ou sair fora das bordas. Ter em excesso, estar repleto. Transbordar é estar tão cheio que se derrama. É uma coisa linda, mas transbordar envolve cair. Esse texto é só para você se lembrar disso. Quando se transborda a água que ultrapassa o topo do copo derrama pelas beiradas e escorre em gotas até a mesa. Transbordar pode ser o famoso fogo de palha, como diria o Pedro. Aquilo que acende rápido e rápido se vai. Mas transbordar é gostoso. Transbordar é intensidade, uma intensidade e uma entrega tão poderosa que se ultrapassa os limites. Então, meu bem, transborda. Mas transborda consciente. Se lembra que coisas podem ser incrivelmente lindas e em um segundo serem, apenas, legais, sabe? Ou ruins, elas podem ficar ruins também. Se você transbordar vai se encher de si. Vai ter tanto de você ali que só sorrisos vão caber. E pode ser ruim também, você pode transbordar tristeza. Encher o copo de lágrimas. É só isso

As crianças e a prisão do amor

 Esse texto vai ser curto, só para avisar. Esses dias sai para um arraial com o Pedro e a Vic, e uma das coisas que vi me arrancou alguns sorrisos. O arraial era em um lar de crianças e nesse dia ao contrário dos meus amigos eu fui pontual. Esperei eles durante uns quarenta minutos. Nesse tempo caminhei pelo lugar, me sentei em um banco de mármore e ouvi Elvis. Foi quando ouvi: - Tio - era uma meninazinha acompanhada de três amigas - a gente pode fazer trança no seu cabelo? - Sim, sim!  As meninas pegaram os meus cabelos e com uma habilidade surpreendente começaram a fazer as tranças. Eu tenho um lema, sabe:  se você tiver a oportunidade de conversar com uma criança, converse. Aprendi sobre as três. Uma queria ser cabeleireira, outra professora de matemática e outra professora de português. As três marias me chamaram para passear pelo arraial e foi quando vi o motivo desse texto.  Quem costuma frequentar festas juninas deve saber o que é uma prisão do amor. É basicam

Desculpa o vazio. Primeira história.

 Me desculpem pelo vazio. Sei que o blog anda parado, mas eu andei mais ainda. As coisas que coloco aqui são o que quero compartilhar, e as coisas que tenho vivido não cabem ainda em textos e crônicas. Mas o vazio é gostoso, deixa saudade. Espero ter deixado saudade. As coisas que escrevo aqui sempre são convites para uma conversa. Sabe? Aquela conversa. Aquela conversa no meio do rolê quando você decide ter um tema mais pesado ou sente que aquilo que você guardou precisa sair? E você, sabe, quer falar aquilo com alguém. Então tem aquele desconhecido sentado no chão com os cabelos bagunçados e você pensa: Ok, esse cara vai saber ter essa conversa.   Prazer, sou o desconhecido.   Esses dias eu perdi alguém, um tio meu. E isso me fez pensar o quanto eu não conhecia dele, e o quanto eu não conheço das pessoas que para mim são tão naturais quanto o respirar. Você já parou e olhou ao redor? Foi o que fiz. Decidi que eu iria ouvir sete histórias, sete histórias de pessoas que para

Cartas para Gui: Sobre o amor.

Victor -  Oi Gui, dia desses eu te segurei no colo e tentei te explicar a trama de Capitão Fantástico. Você ainda é um bebê, mas parecia bem impressionado com a sinopse. Enfim. Essa vai ser mais uma das cartas que eu e sua irmã vamos fazer para você. E essa é sobre amor.    Eu e sua irmã/segunda mãe/deusa estávamos conversando e chegamos na conclusão que um dia você vai sofrer por amor. E decidimos escrever isso aqui. Mas a grande verdade sobre o amor é que ele não corresponde a moral, nem a costumes, e que se manifesta de formas diferentes. Então, isso aqui pode te servir ou não. No amor o observador afeta o observado, e o observado quando é o amor, além de te observar às vezes também enfia os dedos nos seus olhos.  Eu queria começar falando que amor não é uma coisa inteiramente boa, isto é, se tu considera as coisas boas e ruins. Muita gente tenta definir o amor, mas acabei chegando na conclusão que é algo que a gente vive. Acredito, pessoalmente, que amor é desejo; não

Botão vermelho

 Quero contar aqui um breve conflito que tenho semanalmente. Faz um tempo que comecei a frequentar a academia, o que sério, já é uma vitória eu estar lá. Achei que ia ser só uma parada relaxante e para extravasar o estresse. Dito isso, eu não contava com o maldito botão vermelho. Ok, eu tenho que explicar isso direito para vocês entenderem.  Estava eu no meu primeiro dia de academia e a treinadora falou para eu ir para a esteira. Ok, pensei, eu vou para a esteira. Subi no aparato e comecei a me sentir o Flash viajando no tempo, até ai tava tranquilo. Quando você passa alguns minutos em algum lugar começa a observar ele. Olhei para a esteira. Tinha um medidor de quilômetros, um de calorias, botões, e então, o maldito botão vermelho. Sabe quando você bate o olho em uma coisa e sabe que aquilo vai te atormentar? Poisé. Vou tentar descrever para vocês esse botão.   Bom, que ele é vermelho vocês já sabem. Ele fica localizado na parte inferior direita do painel da esteira. É gordo

Procura-se solitude.

  Procuro solitude, quem encontrar me avise. Desde criança desenvolvi um grande apreço por estar só, e sempre procurei entender isso. Acredito eu que existem dois tipos principais de solidão: a imposta e a voluntária. Na solidão voluntária é de sua escolha o isolamento a reclusão, e nesse momento você se sente bem. Enquanto isso a solidão imposta é quando o universo simplesmente fala: Bom, acho que está na hora de deixarmos ele sozinho. Os amigos não vão poder sair e o ver, as garotas estarão distantes, os animais vão se esquivar dele na rua e os pais passarão o dia no trabalho. Então você entra nesse abismo existencial de onde surge uma espiral de sentimentos ruins; a tristeza, a ansiedade, a angústia (alô fenomenologia) e nesse ponto você tem que lidar que naquele momento o mundo vai te deixar desconecto de tudo e de todos.   Um problema nessa questão, acredito eu, é quando essa maravilha que é nossa cabeça decide confundir os dois. Quando você está cercado de amigos e por a

Outros monstros.

 Baku se esgueirou para fora da parte debaixo da cama da garota. Ele era um ser abissal e o terror que causava era imenso, mas não naquela noite. Baku observou o outro monstro se aproximar da cama da menina. Ela tinha quinze anos e Baku a atormentava desde os cinco. - Ei, pô - disse Baku - deixa ela, só hoje.  O outro monstro olhou para Baku, confuso. - Mas eu vou causar pesadelos nela, com morte e coisas do tipo. Vai ser interessante. - Hoje não. - Por quê? - Ela tá meio mal, a guria não merece - disse Baku com a sua terceira boca - tá com problema com os pais, eles se divorciaram. O pai tá bebendo muito, ela perdeu o namorado também. Depressão, ansiedade. Essas coisas são terríveis. Deixa ela hoje. - Mas é nosso dever... - Ela chora a noite antes de dormir, eu sempre ouço debaixo da cama. E ela treme às vezes, e isso é complicado. Humanos são estranhos.  O outro monstro desviou o olhar, cabisbaixo.  - Tá tudo bem, eu vou embora então...

Isso vai passar.

  Isso vai passar. Eu sei que vai, mas agora tá aqui, e não quero deixar ir. Mas um dia as coisas se vão. A questão é notar as pequenas coisas, as coisinhas gostosas da vida. Não deixar elas passarem sem deixar saudades. E é tão chato ouvir que vai passar, porque às vezes não queremos deixar cicatrizar. Queremos ser essa grande ferida exposta. Porque temos esses momentos da vida em que a dor é o único sinal de que estamos realmente vivos. E porra, meus amores, sou intenso. O universo me fez assim, a intensidade de uma super nova explodindo. Se algo passa por mim noto tudo nele. Noto o sorriso, o ser, o modo de existir e depois transformo em arte. Às vezes acho que escrevo porque tenho medo de esquecer as coisas, e sinto que é meu dever eternizar o que pode ser esquecido. Então, te eternizo. Eternizo a toalha na tua cabeça, eternizo o sarcasmo do meu pai, eternizo o ser da minha mãe, eternizo a nova pessoa, eternizo a mulher, eternizo Pedro, eternizo Cecilia, eternizo Nicoly. Se você a

Foi, é.

Faz tempo que não sei o que é beijo Sei o que é saudades. Conheci velhice antes da idade E amor antes de sofrer Não sei se é assim que tem que ser Mas as coisas um dia se vão. Outro dia algo aparece Se não aparecer a gente encontra Se não encontrar, procuramos. Quando procuramos, amamos. Fomos. Somos Vai ser. Sobre a falta de poesia nesse blog. 

Vagabundo, eu.

 Já me chamaram de vagabundo algumas vezes. E nunca tive a oportunidade de responder, porque sempre quis falar uma coisa: Hey, eu sou um vagabundo, bom que você notou. O sentido comum é de pessoa desocupada que vive a vida no ócio, mas uma coisa interessante sobre ser um vagabundo é que um dos significados é andar em abundância.   Ser vagabundo é sobre não ficar parado, e às vezes andar sem destino. Ser vagabundo é vagar em abundância, e isso significa explorar. Vagabundo, eu, já conheci de humano muitos tipos: puto, poeta, amante, vadio, professor, honrado e os sem sensatez. E tudo isso porque vaguei. Vagar que também significa desocupar. Sair de algo, continuar sendo, e talvez voltar. Vagabundo, eu, já fiz tantas coisas por causa disso. E ser vagabundo é ser associado a tantas coisas. Porque você sabe, moço, vagabundo hoje é quem faz arte; vagabundo é quem cursa coisa de humanas, vagabundo é quem não vai para a igreja, vagabundo é quem passa muito tempo na rua, vagabundo é que

Dois aliens, alguns lagos, tatuagens e mudanças.

 Ok, eu estava vendo esse filme. E nesse filme que era sobre alienígenas tinha essa cena que me motivou a escrever este texto. Na cena um alien encara o horizonte de um planeta desconhecido com diversos lagos e um jardim, ao lado dele outra alien procura iniciar uma conversa. Ele está olhando para o lago sorrindo e ela lhe explica que tem habilidades empáticas, isso é: quando ela toca em alguém pode sentir o que a pessoa que tocou está sentindo. Ele começa a explicar para ela que costumava levar sua filha e sua mulher nos lagos de seu planeta para se divertirem, mas as duas nesse ponto já estavam mortas há muito tempo. E ele está olhando para a paisagem sorrindo, a alien decide tocar nele e então desaba a chorar. Mas ele está sorrindo! Entenderam que mensagem incrível?! Comecei a chorar automaticamente.   Talvez eu tenha viajado, mas o que entendi foi: com o tempo, as coisas cicatrizam, e às vezes nos fazem sorrir. A alien estava experimentando pela primeira vez aquele sentiment

Oitenta

 Me desculpa, mas nunca fui 8. Pera, não me desculpa não. Hey, eu tô aqui, agora. Sabe? Sou 80. Sou intenso. Vou me entregar com todas as forças, e nada de você vai passar por mim. Vou te observar e aprender tua essência, porque isso é coisa de 80. Tua boca, teu cheiro, teus trejeitos. Talvez eu te dê flores, talvez você seja o amor da minha vida, pelo menos da minha vida agora. E se eu te disser que te amo não sou eu confundido paixão, é amor de verdade, o tempo vai ser para amadurecer essa ideia. Sou 80, e pode ser que você não tenha planos para o futuro, mas o nosso cachorro vai se chamar Pluto. E talvez eu não faça planos, só esteja ali no agora com todo o meu ser. Ser 80 é ser dança. Todas as artes envelhecem, mas a dança é o agora. Ser 80 é te ver no ônibus e ficar ansioso esperando pela próxima vez em que você vai subir no mesmo ônibus que eu. Ser 80 é te deixar ir, e quando você for, vai doer um universo. Ser 80 é te dar presentes estranhos. Te escrever poemas, te desenhar e

Coisa de boneca.

Ela sabia que em algum momento todos iriam embora . Primeiro tinham tirado ela de uma loja sem clientes no meio do Centro, e então ela foi da Mãe.  A Mãe antes de se chamar Mãe se chamava Mariana. E Mariana brincava com ela pelas manhãs e de tarde quando tinha que ficar no trabalho da sua mãe a levava em seu colo. Então Mariana foi crescendo, e conheceu o Pai, que na época se chamava Caio. Ela não gostou de Caio logo de primeira vista. Quando Mariana conheceu Caio ela já estava na estante sobre a cama, e ouvia eles fazendo coisas. Essa época foi bem triste e vazia, e Mariana não tocava nela. Até que um dia ela apareceu com Juliana, e na época Juliana era do seu tamanho. Foi colocada ao lado de Ju que a abraçou instantaneamente. Nesse tempo Caio já tinha sumido, ele trocou de nome para Pai depois quando Mariana contava histórias  sobre ele para a filha. Logo Juliana também passou a carregar ela pelos cantos, e gostava especialmente da TV. No dia estavam passando várias matérias sobre o

Está tudo bem em querer ir.

 Tenho repetido algumas coisas para mim mesmo esses dias: Você pode amar algo e querer ficar longe. Você pode amar alguma coisa e não estar por perto. Está tudo bem em querer ir.    Está tudo bem em querer ir, queridos. De onde? De onde te prende, te sufoca e não te permite crescer. E você vai sentir falta, acredite. Li uma vez sobre presos que mesmo depois de estarem libertos sentirem falta da vida na cadeia. É o condicional do ser a falta, o desejo. Nós temos esse buraquinho dentro de nós que uma hora sabe o que quer e outra não, mas sempre está com fome. E às vezes esse buraquinho cresce, e te consome, a incrível falta de algo. E dói mais quando você não sabe o que te faz falta, não é? O sentimento de ansiedade, de querer saber o que te causa aquilo. E às vezes um lugar, uma pessoa, te dói.   Você sente uma impotência de não poder fazer algo, tristeza continua, e em alguns casos, culpa. Essa culpa que você não sabe o porquê, mas é sua. Às vezes você é o cervo doen

Aqui vão algumas coisas sobre a faculdade.

 Gente, primeiro, queria esclarecer bem esclarecidinho que não to atacando ninguém com esse texto, e por favor, não se sintam atacados. Então. Estava eu conservando com a Nico que está prestes a entrar na faculdade e ela estava super nervosa, sabe? Sobre como iam ser as coisas, sobre como poderia dar errado, sobre como era tudo desesperador. Então, esse texto é para o nó na garganta da Nico. Aqui vão algumas coisas sobre a faculdade:    Desde criança (sério) nós ouvimos frases deste tipo dos nossos professores e pais: "Quero ver como vai ser na faculdade" "Na faculdade não vai ser assim" "Ah, mas na faculdade..."   A verdade desesperadora é que a faculdade não é essas coisas toda não, gente, se acalmem. É só uma escolinha para gente grande. Sério, tem um grande número de pessoas (grande mesmo) que sentem um feeling de superioridade por estar fazendo faculdade. Que quando se você é mais novo fala alguma coisa sobre a escola, consegue ver