- Nós precisamos de um nome.
Pisquei. Estava em outro mundo. Olhei para frente e vi o Edison me encarar. Edison é um grande amigo meu, me ensinou praticamente tudo que sei sobre fotografia e abri uma produtora com ele. Nós tínhamos acabado de voltar da Bolívia para gravar um documentário e precisávamos de um nome para a nossa produtora recém- criada. Olhei para ele.
- O quê?
- Nós precisamos de um nome, Victor. Que tal Pé na estrada?
- Não, muito estranho.
Ele sorriu.
- E o que você sugere?
O que nós eramos? Meus amigos me conhecem. Existem alguns momentos onde eu vou longe, posso estar na sua frente, mas minha cabeça está navegando por outros lugares. Fico imerso em mim mesmo. O som fica abafado, o tempo desacelera. O que nós eramos? Lembrei de um dos momentos que me definiu. Um dos momentos da minha vida em que a partir dali fui outra pessoa. E essa pessoa, bom, oi.
Era 2014 e eu tinha acabado de sair da casa de uma amiga minha. Era tarde e fui andando até a parada, estava distraído, absorto em pensamentos. Na época estava estudando sobre física quântica. A ideia de várias coisas existindo ao mesmo tempo me fascinava. Sobre o observador afetar o observado. Sobre possibilidades. Me sentei na parada e só então percebi que tinha alguém comigo. Uma garota ruiva, de olhos claros e vestida de um jeito todo universitário. O que achei engraçado. Possibilidades, pensei.
- Tenho estudado sobre física quântica.
Ela estava usando fones, mas notou minha voz. Olhou para mim, confusa.
- Tenho estudado sobre física quântica.
Ela tirou os fones.
- Oi?
- Tenho estudado sobre física quântica. É uma ciência de possibilidades. Basicamente é como se toda situação fosse uma caixa fechada, ahn, uma caixa de presente. E o que existe lá dentro pode ser qualquer coisa, inclusive nada. E nós podemos nunca abrir ela. Temos a escolha sobre as possibilidades da vida. A questão é que todos os dias nós não falamos com as possibilidades, sentamos do lado das pessoas no ônibus e ficamos caladas durante todo o trajeto. Não falamos "oi" para as possibilidades, entende? Essa é a nossa caixa, moça. Podemos ficar aqui esperando o ônibus calados sem entrarmos em contato, ou podemos conversar e talvez explorar essa possibilidade.
Ela ainda estava confusa, mas sorriu.
- Meu nome é Gleiciane.
- Oi Gleiciane, meu nome é Victor.
Naquele dia nós conversamos na parada, depois no ônibus e depois no facebook. Depois ela foi minha veterana na faculdade, mas conheci a moça ruiva misteriosa. E a partir daquele dia sempre que posso exploro. Meus amigos ficam surpresos quando estão tímidos em falar com alguém e quando sem menos perceberem me olham ao longe falando com o tal desconhecido e trazendo ele para uma conversa. Possibilidades, explorar. Era isso que eu era, é isso que sou. E é isso que o Edison é. Um grande navegador e explorador, um argonauta.
Sorri para o Edison.
- O que foi?
- Argonautas.
Ele sorriu. Esse é o nome da nossa produtora, e é o que somos. Vamos explorar, não é? As possibilidades. Por favor, se você tiver interesse em falar comigo, fale! Respire! Explore! Acredite, vai valer a pena.
Link para o documentário: https://www.youtube.com/watch?v=D5xc24z5Rwk&t=34s
Link para o documentário: https://www.youtube.com/watch?v=D5xc24z5Rwk&t=34s
Argonautas |
Há! Amei, garoto! Desvelar as possibilidades, é isso que possibilita a vida no seu modo de ser mais próprio. Apaixonada! Por você e pela Argonauta
ResponderExcluir