Faz poucos meses que comecei a fotografar, mas isso já faz parte da minha vida há muito tempo. Sou um contador de histórias e fui assim que comecei na fotografia. Meu pai me deu um celular e com o celular eu fazia stop motions dos meus bonecos, contando histórias, criando elas. Depois minha vó me deu uma câmera point and shoot super barata que eu levava para a escola e tirava fotos das pessoas mais aleatórias. Quando fiz treze anos ganhei uma câmera mais profissional, mas que logo ela se foi. Então ganhei minha câmera atual, uma Canon, DSLR.
No começo não tinha a miníma ideia do que fazer com ela, passei um ano deixando ela no meu quarto, sem fazer nada. Então o Edison começou a me ensinar o básico, me mandando áudios longos no whatsapp explicando conceitos como ISO, profundidade de campo e coisas do tipo. Fui explorando a câmera. No meio de tudo isso surgiu a viagem para gravar o Fronteiras. Sem que eu percebesse estava em um carro com o Edison, minha melhor amiga e o Edison Caetano (pai).
Para quem não sabe o 'Seu' Edison é um fotografo que tem até página na wikipédia, começou no ramo da fotografia mais ou menos na década de 70 (não me recordo direito) e desde esse tempo ele fotografou para diversas revistas e diferentes lugares. Teve destaque fotografando geoglifos e você pode encontrar facilmente fotografias dele na internet, basta procurar. Mas o 'Seu' Edison era super humilde, ele conversava comigo sobre tudo e eu adorava ouvir as histórias dele. Passamos horas no carro comigo enchendo ele com perguntas do tipo:
Quando o senhor começou a fotografar?
Qual a sua fotografia favorita?
Me conta uma história?
O senhor tem alguma foto que se orgulha bastante?
Me ensina alguma coisa?
E o 'Seu' Edison dava um sorriso abafado e respondia elas, calmamente. Edison Lucas, o filho e meu amigo também me ensina o que pode. Edição, coisas do tipo, e ele sempre me falou sobre identidade. Que um fotografo tem que ter uma identidade visual. Acabei descobrindo que gostava de fotografia intimista, nu artístico, via beleza naquilo. Gostava do cotidiano, das pessoas, de entrar no mundinho delas. E comecei a estudar. Até hoje sempre que posso estou ouvindo um podcast sobre fotografia ou assistindo algum documentário. Pode existir sim talento no mundo, mas acredito no esforço, no suor. Admiro isso no Edison e no pai dele. Falo isso porque vocês não viram eles fotografarem.
No meio da viagem o 'Seu' Edison estacionava o carro. O filho descia e pegava a mochila, puxava o zíper e procurava a lente ideal para aquilo (sei que o Edison gosta da 35mm e da 50mm). Enquanto isso o 'Seu' Edison fazia o mesmo do lado do motorista. Então lentamento os dois se movimentavam, procurando o ângulo certo. Colocam o olho no visor e observavam a luz entrar na câmera. Às vezes eles se agachavam, eram silenciosos. Você não ouve os passos dos dois. Parecem dois leões caçando uma presa. Contando uma história, ensinando. Então pronto, clicavam. E dali saiam fotos excelentes.
Eu, tímido, atrás dos dois fazia fotos tão tímidas quanto eu. Eles eram monstros, gigantes. O 'Seu' Edison sempre com boina fazia comentários históricos e entre as linhas de suas histórias me ensinava algumas coisas sobre fotografia. Sobre sombras, luz. Percebi com o tempo que estava fotografando eles. Quando os dois não viam eu virava a lente para eles e tirava cliques rápidos. Devo muita coisa aos dois, queria que eles entendessem o quanto sou grato a eles. Sério. Pela paciência, por ensinar, por tudo.
Entendi com o 'Seu' Edison que fotografia é ensinar. Quando você fotografa alguém está ensinando algo sobre isso. Como ela se veste, como ela sorri, como ela é. Hoje fotografando ainda sou uma criança empolgada. Fico sorrindo, fazendo perguntas. Interagindo com os clientes.
Sorri para mim.
Que pose você quer fazer?
Está se sentindo bonita?
O que você quer mostrar?
Está se sentindo bem?
Sorri, pensa naquele seu ex-namorado que você odeia. Te imagina espancando ele.
Me dá um sorriso de "esfreguei na cara do mundo que sou diva".
Você é linda, moça.
Isso, fica assim, desse jeito.
Obrigado, está gostando do ensaio?
Ah sim, te mando as fotos assim que editar. Espero que você ame!
Isso! Posso fotografar você se arrumando?
Isso! Não se mexa! Fique assim!
Roxo!
Ei... Você está perfeita do jeito que é. Isso, sorri.
Com a fotografia intimista ensino para o mundo quão lindo essas garotas são, o quanto elas se aceitam e o quanto elas se amam. Com o cotidiano ensino sobre essas pessoas. Ensinar é aprender. Viver. Conseguir informações é um processo tão gostoso. É contar histórias, isso é o que amo fazer. Então, posso aprender com você?
Isso, sorri para mim. Me deixa te ensinar.
Fotografando uma capivara. Foto da Mell Liz. |
Link para a página do Edison filho: https://www.facebook.com/edisonlucasfotografia/?fref=ts
Link para o meu Flickr: https://www.flickr.com/photos/151498678@N06/albums
AAAAAAAA EU TÔ ABSOLUTAMENTE APAIXONADA, GURI! Grata pela tua arte, por todas elas, inclusive a de existir.
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