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Não sei.


 Às vezes nós não sabemos das coisas, e isso é um sentimento desesperador ou incrível. A completa falta de conhecimento sobre o futuro, sobre uma situação. Você tem de lidar o melhor possível com o nada, claro, você tem todo o direito de fugir dele por quanto tempo quiser. Mas ele está ali, sabe; o nada, a falta de conhecimento, o não sei. 

 Não sei se quero passar mais um dia. Não sei se quero ir. Não sei se sou ruim. Não sei se sou uma soma das experiências que tive, se for, os fatores da equação não são tão bons assim. Não sei se quero continuar ajudando, ou sendo. Amo meus amigos, meus parentes, me prendo a isso. Mas às vezes não sei se quero parar e ajudar.

 Me falaram que consigo encontrar um abraço na hora certa e entregar ele, não sei se posso pedir isso de alguém. Não sei se quando estou triste tenho que abdicar disso para ajudar outras pessoas que estão tristes também. Não sei se gosto de ser distante para se aconselhar. Não sei se é bonito a maioria das coisas boas estarem no futuro. Não sei se tem beleza os amores, e para onde eles vão.

Ei, quero ficar sozinho agora.
Ei, me ajuda.
Ei, você poderia falar alguma coisa.
Ei, tem algo para me falar?
Ei, me ajuda.
Ei, você não sabe lidar com isso, tudo bem, não é obrigado a saber. Mas podia dar o seu melhor, né? Ou tentar entender.
Ei, esse seria o momento para o abraço. Tudo bem, sei que você não enxerga isso. Ok, pedi o abraço e você não deu, mas eu te desculpo. 
Ei, me ajuda.
Ei, eu tô aqui. 
Ei, agora vou só ler. Ok? Tô indo.

 Hoje é meu aniversário, e só não sei.

 A beleza do não saber é o nada, se existe o nada, então pode haver tudo. Isso é o que faz sentido para mim. Segurar uma câmera, escrever, desenhar, dirigir... Criar um tudo. Isso é o que me conforta. 

 Não sei se quero fechar os olhos, não sei se quero acordar. Se acordar não sei se quero ver o sol. Quando ver o sol... Ai eu não sei, mas vou ver. 


Fotinha da Doce Mell.

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